Um mundo rachado, deteriorado, com seres bizarros em relações bizarras, um mundo violento, seco e bruto…como podem ser também as borbulhantes champanhes. Um mundo também borbulhante.
Como em tudo que é bom, em Rubem Fonseca também existe entrelinhas. Em meio ao clima Blade Runner, existe amor e ternura. Existe o avesso e o direito, lados do mesmo tecido, da mesma moeda, assim, unidos.
Digamos que o mundo apodrece mas, deixa esperanças. Sementes que podem dar bons frutos.
Este é o mundo. Este é o livro: Amálgama.
Que me tirou do sério, literalmente. Me fez rir da desgraça, me fez novamente constatar a falta de valores, me fez lembrar que quando se chega ao fim, nada mais há que se possa fazer. Entrega.
Cada um dos contos, um soco no estômago… mas, há ternura e amor no caos. Existe um ar de aceitação e desapego ao mundo como ele é, existe uma sabedoria dolorosa, mas que não é sofrida. É. Apenas é.
Além dos contos, ele nos apresenta também algumas poesias. Também precisas. Vão direto ao cerne da questão: a falta de justiça,o sarcasmo no qual estamos envolvidos e a falsa impressão de liberdade, com seus seres obcecados.
Rubem Fonseca completou 50 anos de carreira e não por acaso, Amálgama apresenta mesmo uma mistura de tudo, anões, mulheres bonitas, violência, despudor, absurdos e calma, muita calma nesta hora.
Envelhecer assim, com essa sabedoria, não deve ser nada mal.
Grande livro!