Coisas da vida

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Sou nascida e criada no Rio de Janeiro, mas hoje foi a primeira vez que peguei a linha 2 do metrô, dessa linda e triste cidade partida.

Reparo que de uns tempos para cá, quando vivo coisas novas, eu me sinto tocada. E isso é bom, ter sentimentos. Me sinto mais humana, menos máquina, mais de verdade. E é por isso, que cada vez mais tento coisas novas para enriquecer a minha vida. E viver novos caminhos, além de desafiador tem sido muito gratificante, sempre acabo sendo levada a descobrir o que eu não sabia, ou conhecer pessoas novas, e inevitavelmente, vejo a vida de um novo ângulo. Por isso, não tenho medo de mudanças, espero que venham sempre, estarei aberta para elas.

Sei que depois dos pesares poderia ser diferente, se eu não tivesse me imposto alguma disciplina como ferramenta para a liberdade. Poderia ter me tornado a maior deprimida de todos os tempos, ou até uma pessoa amarga, o que eu acho difícil, porque não faz parte da minha natureza. Mas, fato é que não tenho vontade de chorar há muito tempo, embora algumas vezes as lágrimas escorram de pura alegria, emoção, constatação da beleza do jogo da vida.

arvores sao cristovao

Hoje, domingo, de dentro de uma sala desconhecida, em um bairro que nunca havia ido sozinha, por conta própria, admirei das janelas as árvores antigas e majestosas, alguns pássaros, os telhados vermelhos das casas, e vi ao longe um avião cortando o céu azul e limpo, de um dia de calor apavorante. Tudo bem, teria ar-condicionado, durante o tempo que permaneceria ali. E eu fui me distanciando da paisagem e caindo dentro de mim. Dai comecei a cantar na cabeça “Coisas da Vida” da Rita Lee, como um mantra, e fui ficando cada vez mais  feliz e emocionada. Um sorrisão de gratidão se abriu dentro de mim, uma esperança de bons acontecimentos na vida, uma certeza de não estar sozinha…

Um pouco depois disso, muita coisa deu errado. O ar-condicionado não funcionou e aquelas quatro horas foram sacrificantes, saí passando mal de verdade, um tanto antes do que eu deveria, mas já não estava prestando atenção em mais nada, só pensava em voltar para casa. A volta de metrô foi extremamente desconfortável, com muita gente falando, aperto, enjôo, mal-estar.

Mas, a sensação inicial prevaleceu. Continuei distanciada dos acontecimentos externos e aquele sorrisão permaneceu aberto aqui dentro.

E o que eu quis dizer com isso? Sabe quando você sente que algo ruim vai acontecer? Pois é…

To sentindo ao contrário de tão bom. Tem um sentimento de grande novidade no meu ar.

 

“…depois da estrada começa uma grande avenida,

E no fim da avenida, existe uma chance, uma sorte, uma nova saída.

Qual é a moral, qual vai ser o final dessa história?

Eu não tenho nada pra dizer, por isso digo;

Eu não tenho muito o que perder, por isso jogo;

Eu não tenho hora pra morrer, por isso sonho…

São coisas da vida…”

Maturidade

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Há muito tempo que não escrevo nada aqui. Acho que perdi a angústia necessária para escrever como eu fazia antes. Isso porque to mais em paz e a minha vida interior tem mais plenitude. Não tenho vivido muito o meio externo também.

Mas, problemas, quem não os tem? Ou na vida profissional, na vida amorosa, na saúde, em relacionamentos em geral…

Viver o aqui e agora, sem voltar ao passado, sem ansiar pelo futuro, esse é o meu ofício de todos os dias.

Li esse texto que me foi passado por um amigo do curso de biopsicologia. Vem de um blog: http://www.yoskhaz.com, vale muito à pena ler outros!

É a primeira vez que copio e colo algo aqui, mas achei muito bom e gostaria de compartilhar.

A maturidade traz em si a verdadeira liberdade.

“A maturidade nada mais é do que o entendimento de si e a disposição de se transformar. Isto é libertador”, disse o Velho enquanto procurávamos cogumelos em uma floresta próxima ao mosteiro depois de uma noite de chuva. O sol brilhava por entre as folhas, lambia nossos rostos e aquecia na manhã ainda fria. “Entender quem somos, nossas dificuldades e belezas, permite que deixemos para trás o que em nós não serve mais e abre a perspectiva de inventar o que queremos ser. Este é o poder do Caminho”, complementou. Um belo rouxinol pousou em um galho de uma árvore próxima e nos presenteou com uma pequena sinfonia, só encontrada nas matas. Depois alçou voo. Comentei que todos gostariam de ter asas como os pássaros para alcançar as alturas. Ele retrucou de plano: “Pássaros voam por determinismo biológico. As asas da liberdade são metafóricas, fruto da sabedoria e do amor, flor das escolhas que se faz a cada passo do Caminho”.

Falei que Mahatma Gandhi certa vez, quando preso, comentou que há homens mais livres nas celas no que vagando pelas ruas. O velho retrucou: “Gandhi era um iniciado, uma alma antiga e iluminada. Claro que não falava das mentes sombrias que enveredaram pelas raias da criminalidade e da ignorância. Ele se referia à liberdade do pensar desperto dos preconceitos e condicionamentos culturais e sociais. A liberdade de pensar além; de perceber que as mais cruéis prisões são aquelas que não têm grades”. Parou um pouco e concluiu: “Liberdade é muito mais do que o direito de vagar a esmo pelas ruas ou levar uma vida completamente descompromissada. Isto, em geral, caracteriza os foragidos da vida. Estes costumam estar aprisionados no pior dos cárceres, a própria consciência. A verdadeira liberdade traz em si a responsabilidade. A responsabilidade por suas escolhas e compromissos. Temos compromisso com tudo que amamos e na medida que ampliamos a nossa esfera amorosa crescem as nossas asas, nos permitindo voos cada vez mais altos. Nossas asas têm o tamanho de nossos corações. As nossas escolhas, por sua vez, geram consequências e temos que nos responsabilizar por elas. A serenidade deste entendimento, ainda que isto signifique mais esforço e trabalho, pois cada qual terá os desafios próprios ao seu aprendizado, chama-se maturidade”.

O Velho se calou, estava encantado com alguns cogumelos que havia encontrado ao pé de um enorme carvalho. Eu ainda metabolizava as suas palavras, quando ele tornou à carga: “A liberdade é uma poderosa ferramenta evolutiva, pois está diretamente ligada às suas escolhas, que, por sua vez, definem e aprimoram a alma do viajante. Não esqueça, entretanto, a evolução exige esforço, determinação e coragem para enfrentar os desafios e semear o bem nos territórios áridos da existência. A responsabilidade com todos que nos cercam é o próprio compromisso com o Caminho, sem o qual não haverá liberdade nem evolução. Viver este conceito com alegria se chama maturidade”.

À noite jantamos no mosteiro uma saborosa sopa feita com os cogumelos colhidos pela manhã. Depois, me afastei, absorto em minhas reflexões, quando o Velho se aproximou e quis saber o que me ocupava os pensamentos. Disse-lhe que pensava nas consequências de cada escolha que fazemos pela vida e dos compromissos que acabamos por assumir. Quis saber qual o limite da responsabilidade. Ele me convidou para caminhar e comentou: “Disse o poeta que temos o sentimento do mundo e duas mãos. Façamos o nosso melhor a cada dia nos limites da nossa capacidade de amar e do nível de consciência que temos. E que no dia seguinte nos seja permitido amar, entender e fazer um pouquinho mais. Assim é o Caminho. Você perceberá que ele muda na medida que transforma a sua maneira de andar”.

Questionei sobre aquelas pessoas que se negam aos compromissos. “Coitado daquele que não tem com quem se preocupar. Isto apenas revela o indivíduo que vive a ilusão de pensar que liberdade é descompromisso, que vaga desorientado pelo deserto do desamor, perdido no vale da solidão.”. Fez uma pequena pausa e prosseguiu: “Esse indivíduo espiritualmente ainda está na infância, se nega a crescer e deseja viver apenas pelo prazer. Ainda não entende a amplitude e o poder do amor. O sofrimento será inevitável, pois em algum momento perceberá que se tornou refém do seu egoísmo e encarcerado na própria solidão. Só amor cria vínculos eternos e atribui sentido à vida. Portanto, como se vê, amar em toda a sua amplitude não é um exercício destinado aos fracos”.

Com calma, explicou que no universo há Leis Não Escritas, inexoráveis na regência da conduta de tudo e todos. Uma delas é a que a vida reage na exata medida das atitudes de cada um. Não por punição, mas por lição. A dor não é a única maneira de se aprender, mas o último recurso do Caminho para corrigir uma rota que leva ao abismo. Com certeza todas as sinalizações anteriores foram ignoradas por esse viajante. Como um pai zeloso que não abdica da melhor educação para o filho, a Vida encontrará um jeito de fazer o sujeito refletir e, então, Entender (a sabedoria da lição), Transformar (a si próprio), Compartilhar (amar incondicionalmente) e Seguir (a infinita viagem). É indispensável dulcificar o ser. Desta maneira, cedo ou tarde, a depender das escolhas pessoais, todos conseguem fechar seus ciclos de aprendizado e evolução.

Perguntei-lhe qual o limite da liberdade. O velho monge sorriu como se esperasse a pergunta e falou com seu jeito doce: “A verdadeira fronteira é a dignidade. Sem honestidade no trato com os outros, e conosco, todas as demais virtudes apodrecem por envenenar a árvore. O florescimento da dignidade aperfeiçoa as escolhas, ferramenta no qual cada um exercerá a sua liberdade. Você se define a cada escolha que faz”.

Insisti em como saber a melhor escolha. O Velho fechou os olhos e disse: “ Você escolhe por amor ou fará a escolha errada. Entender isto é ter maturidade para prosseguir no Caminho”. Pensou um pouco e finalizou: “O amor é a fita que entrelaça os corações livres e despertos. O amor é o verdadeiro compromisso e a única ponte para a felicidade. Não há outra”.

 

A crueldade nossa de cada dia

oceano

Existem momentos em que o passado me assombra. Lembro algumas cenas com seus olhinhos tão grandes quanto poderiam ser, curiosos e gentis.

A vida mudou tanto e eu e você mudamos tão absolutamente que chego a ter certeza de que não era eu aquela que vivia nos meus 28 anos. Essa a maior prova de que a alma muito se modifica.

Sábado à noite e eu estou em casa. Acordei cedíssimo para meditar, comer tapioca na feira, fazer yoga e surf. Acordei com uma mensagem de dia extremamente feliz que dava até medo de saída.

Ah, sim, tinham convites para fazer o dia continuar na mesma batida: um almoço, e para a noite um show, uma festa e até uma simples voltinha. Acontece que não consigo mais deixar de ser coerente entre pensamentos, palavras e ações. Virei uma chata? Sei até quem deve pensar assim de mim, mas não me importo mesmo. Não consigo mais usar as máscaras convenientes, dependendo de com quem estou. Ando nua, se é que me entende.

Hoje vi o quanto uma atitude de puro egocentrismo repetida por anos, pode fuder com a cabeça de uma criança. E não pude calar. Alguns perdem amigos para não perder a piada. Eu perco por não aceitar mais assistir às atitudes cruéis como se nada fossem.

A crueldade parece ser realmente humana. Ela faz parte do dia-a-dia. Existe de mãe para filho, de homem com a mulher que “ama”, de chefe e amigo com seu funcionário e amigo, assim como os vice-versas.

Nessas horas, não deveria dizer isso, mas penso que a vida poderia acabar logo. Só para passar deste tempo e ver se do outro lado a dor pode ser um pouco menos profunda. Porque dói, ah, dói.

Tem gente lutando pela própria vida, tem crianças dormindo cheiradas em cima de respirador de ar para se aquecer,armas apontadas para a cabeça de bebês e a dama chique e linda que desfila de arma na mão e é aplaudida nas redes sociais.

Tento todos os dias ver diferente, geralmente consigo. Mas hoje, infelizmente minha visão ficou triste, igual a de todo o mundo.

E de repente as lágrimas escorrem e eu já nem sabia que as tinha.

No mar caribenho de hoje perdi meu anel de madeira e prata que me acompanhava há cerca de 7 anos. Deu um vazio momentâneo que logo passou. Enquanto estava na minha primeira e doce parte do dia, intuí que ele deveria estar carregado de muitas emoções destes últimos anos nada fáceis da minha vida e que nada mais simbólico do que perdê-lo no mar.

Vida que segue. Quietinha amanhã, segunda promete. Nada como um dia após o outro.

Ouço frequentemente a pergunta: o que te fez ficar tão bem?

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Há cerca de dois anos atrás eu estava tomando remédio para controlar a ansiedade pela quarta vez na vida. Havia deixado de lado a meditação, e depois que o remédio começou a fazer efeito, voltei para a yoga – prática de ásanas, como um primeiro passo para me restabelecer.

Comecei a buscar novamente um caminho e foi graças a uma palestra de Sri Prem Baba, de onde saí irradiando alegria, que voltei a meditar formalmente. Ele pedia pelo menos um minuto de meditação por dia. Eu já havia buscado técnicas de meditação através do zen budismo e do budismo de Nitiren, mas confesso que a rigidez japonesa que encontrei nestes lugares sempre acabavam por me afastar. Apesar de eu admirá-los e por mais que tenha aprendido muito e conquistado bençãos aos sons de Nam Myoho Reng Kyo, fazendo hatha yoga e meditando todos os dias, além de ir sempre que possível nos satsangas para meditar no coletivo e ouvir as palavras de Prem Baba, comecei a ficar mais em paz, a me cobrar menos e era isso o que eu realmente precisava. Então, posso dizer que o meu retorno a um caminho de maior lucidez e tranquilidade se deve a este guru maravilhoso.

Mas, foi quando conheci a Ananda Marga, no ano passado, Instituição criada por Srii Srii Anandamurti, espalhada pelos quatro cantos do mundo,  que realmente me identifiquei com uma filosofia. Lá, no caminho para a Consciência Suprema você aprende a necessidade de que corpo, mente e espírito estejam equilibrados e encontra respostas necessárias a um espírito sem a tradição da devoção. O Yoga como sistema é a base de tudo, resolve a equação e te dá as ferramentas necessárias: ásanas para um corpo saudável, com as glândulas ativadas e os chakras funcionando em equilíbrio; alimentação mais natural e vegetariana para alcançar um estado de energia mais sutil; e com o corpo funcionando melhor, sem dores e outros problemas, colocar-se em posição de lótus com a espinha ereta e o coração tranquilo é mais fácil e logo se atinge o estado de meditação. Daí ser grato pela vida e devoto de uma Consciência Suprema é praticamente uma consequência de se sentir mais identificado com a própria alma do que com o corpo. A meditação vai limpando os ruídos, pensamentos altamente contaminados e dando espaço para novas conexões.

Na Ananda Marga a meditação é feita por níveis que as didis ou os dadas (irmãs mais velhas ou irmãos mais velhos) passam aos poucos para os iniciados. Você pode ficar só na primeira lição se quiser, não é isso que vai te impedir de alcançar a Consciência Suprema, mas, claro, o interessante é seguir em frente e ir aprendendo diversos saberes para aperfeiçoar sua meditação. Isso porque não é de uma hora para a outra que os pensamentos e sentimentos negativos somem, por exemplo, por isso é que a limpeza precisa ser constante.

Outro aspecto importante da filosofia é o serviço desinteressado. Serviço mesmo, sem troca ou negociação. Aquele que você realmente faz sem esperar absolutamente nada de volta. Ele te da a sensação de verdadeira utilidade no mundo. Porque naturalmente, depois que você entra no processo, muitas e muitas coisas existentes no mundo vão perdendo o sentido e o valor. Quando você medita para valer e consciente durante um tempo, todos os dias, de manhã e de noite, e faz meditação em grupo uma vez por semana, garanto que muitas coisas acontecem naturalmente, como a não vontade de consumir substâncias que alterem a consciência, a falta de vontade de comer alimentos mais densos, a vontade de dormir e acordar mais cedo, a vontade de voltar para casa e meditar, a necessidade de estar consigo mesmo e a não vontade de conviver com pessoas extremamente materialistas e superficiais. O mundo muda e suas necessidades também. Ninguém te obriga a nada e nem insiste em relação a nada com você. Tudo parte da vontade de sentir a mesma paz de espírito que havia sentido antes durante alguma prática de meditação. Meditar passa a ser fundamental.

Depois, é também convivendo com o grupo e continuando seus aprendizados, que você começa a perceber que precisa tomar cuidado para não ter o “orgulho yogue” ou o “orgulho do meditador”, que usa essas ferramentas para dominar ou se achar melhor do que outras pessoas que estão em caminhos diferentes. Afinal, o ego continua tentando nos amarrar o tempo todo.

Uma outra coisa é que na Ananda Marga é tudo bastante mental, existem questionamentos e respostas. Tem canto, dança, posições e tudo tem um significado.

Por experiência própria, garanto que a vida vai entrando nos eixos. Posso falar por mim: mesmo sem “aquele” trabalho, sem vida social intensa, sem frequentar os lugares da moda, sem roupas novas, sem rotina determinada, sou mais autoconfiante. Ganhei um rosto iluminado, uma paz impressionante, um autocontrole surpreendente, um sono restaurador, uma utilidade inquestionável, uma busca de metas sem pressa e uma consciência muito mais tranquila. Ganhei uma visão maior de mim mesma e das minhas potencialidades. Voltei a aspirar uma realização que venha de algum trabalho humanitário. Voltei a me ver como um ser que veio a este mundo para servir e amar e hoje tenho mais entendimento de que todo o resto é apenas consequência.

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Retidão com alegria

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foto 1 (19) Desde que vim para ca não tenho ouvido nada. Ainda não achei tudo. Na minha casa dois colchonetes voltaram a fazer às vezes de sofá e pensa que me importo? Nem ligo. Temos espaços e mezaninos a serem preenchidos. E isso me satisfaz.

 

 

foto 2 (16)Não tenho emprego, decidi não trabalhar mais sem coração e agora vou fazer serviço desinteressado para uma boa causa. Isso me preenche e me traz vitalidade.

Não tenho um milhão de amigos e por isso mesmo minha circulação social diminuiu muito. Vou somente onde quero mesmo e muito, com quem quero mesmo e muito, para fazer algo que queira mesmo e muito. Em casa tenho muitas coisas para fazer e nunca estive tão em paz comigo mesma e com a minha filha. A família voltou a ser um foco de grande importância na minha vida. Por isso, aqui voltou a ter comida feita no fogão todos os dias. Empregada só uma vez por semana. Roupas, não tenho interesse em comprá-las já faz alguns meses. Vida simples e boa.

Meu maior interesse está na meditação, nas ásanas, no aprendizado. Ficar com a cabeça vazia e com esse sentimento de liberdade é tão viciante quanto um remedinho tarja preta. Não é à toa que muita gente da vida louca se encontrou nessa vida de luz.

Durante o carnaval, num retiro no sul (em Viamão), pude entender mais sobre a filosofia da qual faço parte, onde encontrei uma família espiritual. Meditações e kirtans devocionais desde as cinco da manhã, em horários alternados com palestras, ásanas, trabalho e muita alegria e inspiração. Em horários livres os monges de todos os lugares do mundo, se juntavam com os discípulos para jogar futebol,  capoeira, vôlei ou simplesmente para conversar sobre as práticas de meditação no gramado em frente a sede. Conheci pessoas que sentem parecido comigo, de todas as idades. Pessoas que realmente estão colocando em prática aquilo que tem recebido. Entendi muita coisa que ainda não compreendia…

E foi emblemático na volta do retiro, o fato de que ainda no aeroporto, me senti andando em câmera lenta, mas na realidade não estava. Na minha mente eu podia perceber tudo e ouvir tudo com tamanha lentidão que nada me escapava. Mas eu estava fora, como num sonho, eu me senti fora da matrix. Entendi muito sobre a força das palavras, por isso a luz e a sombra de um nome espiritual, de um mantra, e até de um simples palavrão usado para pontuar frases como se não fosse nada. Ando numa atenção sem tensão, numa calma viva, ligada. Tenho feito muito mais do que fazia antes, sem perder a calma, no controle da respiração. E ninguém mais vai me convencer de que vim a este mundo para aprender através do sofrimento, simplesmente, porque aprender através do amor é muito melhor! Na fazenda onde participei do retiro, uma figueira centenária fazia as vezes de santuário para àqueles que perderam a meditação ou que simplesmente quizessem meditar sem a presença do grupo. Eu mesma, fiz o meu ritual lá duas vezes durante o retiro. Eu já havia escrito sobre uma árvore centenária que eu imaginei que um dia estaria meditando embaixo dela com alguém muito importante para mim.Era esta árvore.

foto 5 (9)Ela existe e estava lá! Nesta árvore presenciamos um casamento indiano, segundo a filosofia Anada Marga. Foi emocionante, estimulante, sem frescura, lindo demais! As promessas que os noivos fazem um ao outro na filosofia são: eu prometo proteger a sua paz e ajudá-lo na sua evolução espiritual. Porque não há nada melhor do que ter paz. Nada.

Tempo de Sri Prem Baba e muito sol

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sri prem baba

Mais uma vez, tive a oportunidade de estar na presença de Sri Prem Baba. Dessa vez o encontro foi marcado durante o Festival Awaken Love, no Teatro Tom Jobim, no Jardim Botânico.

O fato de ser no Jardim Botânico já era uma graça. Em plena quinta-feira, feriado da consciência negra no Rio de Janeiro, às 16 horas, em um dia de sol bem quente, entrei no pulmão da cidade e naquele teatro lindo. O mais lindo dos teatros modernos em que já estive até hoje.

Lá dentro lotação alcançada, silêncio e mantras cantados pelo grupo Awaken Love, que acompanha o Prem Baba. Então, ele entrou com aquela presença infinita. O sol tomava o teatro, mas a temperatura estava muito agradável, porque o ar estava à toda. Foi uma palestra sobre o despertar do amor em época de grande violência. Época de desequilíbrio do feminino, causado pelo desequilíbrio do masculino. Época de virada e transformação. Verdade, pensei, tenho visto algumas amigas, especialmente, tomando uns caminhos bem diferentes na vida, alguns bastante radicais, mas todos muito transformadores. Eu também tomei um caminho que acho bem meu. E é também radical em alguns pontos. Por exemplo, na relação homem e mulher.

Dizia o Prem Baba: a energia masculina quando equilibrada é ação, quando desequilibrada é violência. A energia feminina quando harmonizada é receptividade, quando em desarmonia é submissão. O desmatamento é uma ação violenta em cima do feminino. A falta de tempo é um desequilíbrio do masculino em cima do feminino. O feminino é espera, gestação. O masculino é o que fecunda,é a ação.

Alguém duvida que estas energias estão desequilibradas nos tempos atuais? Não é nem mais uma amostra sutil. Hoje, o que estamos vivendo no mundo é isso em qualquer lugar: desarmonia, desrespeito com a natureza, e com a natureza de um e de outro. Muitos homens querem, exigem até,  que as mulheres tenham o mesmo jeito de lidar com o amor, com o sexo, que eles mesmos. Mas depois, reclamam que só tem mulher objeto, que não existe uma mulher companheira na vida…as mulheres tomam à frente e as decisões, muitas vezes, passando por cima de suas próprias naturezas, isso para que possam atender ao mundo moderno com suas pressões e cobranças… e acabam mutiladas. E assim, vamos destruindo tudo, da natureza aos seres-vivos, acabando com a nossa própria forma de funcionar.

Que bom seria que cada um valorizasse no outro aquilo que não encontra em si mesmo. Que bom seria se valorizássemos as energias feminina e masculina exatamente como são, tanto no homem quanto na mulher!

Eu estou em paz e estou sozinha. Estou sozinha por escolha mas, também porque não quero mais tentar me harmonizar com o desequilíbrio.  Antes ficar em paz comigo mesma, do que lutando com alguém!

Não quero mais nenhum cara que não valorize o que eu tenho de melhor. Defeitos, tenho sim, como todo mundo tem. Mas meus valores são únicos, pode crer. Quero alguém que se veja assim também, que se cuide e que queira ter as suas atitudes  valorizadas.

Outra coisa: preciso de um companheiro espiritualizado. Que veja no sexo não apenas a carne. Que valorize a aventura do viver a dois e tenha a vontade de harmonizar essas energias. E saiba, tenho mexido com energias muito sutis, mas por isso não me tornei mais frágil, pelo contrário, fiquei um pouco mais distante e assim, com mais possibilidade de raciocinar sobre o que antes apenas me envolvia. Logo, mais forte, mais dona de mim mesma.

Por isso, essas agora são as minhas festas: aulas, retiros e encontros espirituais. Por isso, o choppinho do final de tarde foi devidamente trocado por uma tarde de remada na praia, bom papo, bom livro, bom filme, boa comida e tempo para ásanas e meditação.

Nunca havia estado tão em paz. Esse verão  promete.

Paris, Yoga e comunicação não violenta

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Outubro/ novembro.

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Outono na França. Vi as folhas caindo no jardim. Vi a lua metade brilhante no céu. Vi meu sobrinho enorme com uma energia tamanha, correndo, brincando, de super-herói e patinete pelas ruas. Compartilhei com meu irmão e com a minha cunhada, da vida diária, me senti em casa. Vinho orgânico na mesa, passeios sem pressa, um dia inteiro de brincadeiras, sono, meditação, frio, mas nem tanto, bom casaco, boa proteção. Conversas sobre yoga, sobre relacionamentos, sobre a vida, sobre a fé…

Comecei a ler no vôo de ida um livro que conta o histórico do yoga, dos poderes milenares desta ciência sem igual, que agrupa físico, mental, emocional e espiritual, empregando uma técnica para cada coisa, e dessa forma, cuidando do homem integralmente.

livro yoga

No livro YOGA – Imortalidade e Liberdade, do romeno Mircea Eliade,  as explicações sobre os poderes adquiridos pelos sábios yoguins de todas as épocas, me leva a crer que chegou a hora de uma iniciação que vai um pouco além da prática das ásanas e da meditação. Uma iniciação que me leve a embarcar mais ainda nessa vida simples, independente e desapegada.

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“A miséria da vida humana não é devida a uma punição divina, nem a um pecado original, mas à ignorânica. Toda ignorância parcialmente abolida faz o homem dar um passo a mais em direção à liberação e à beatitude.”

“Não há senão uma via para obter a salvação: conhecer adequadamente o espírito – Quem conhece o atman atravessa o oceano de sofrimento.”

“O sofrimento permanece porque é um fato cósmico, mas perde sua significação. Suprime-se o sofrimento ignorando-o como sofrimento. É verdade que esta supressão não é empírica (estupefaciente, suicida), porque do ponto de vista indiano toda solução empírica é ilusória, sendo ela mesma uma força Kármica. A solução do Sankhya, leva o homem para fora da humanidade, pois ela não é realizável senão pela destruição da personalidade humana.”

“Para a Índia o que importa é a obtenção da liberdade absoluta. Desde que esta liberdade não pode ser adquirida na atual condição humana, e desde que a personalidade produz a dor e o drama, é claro que a condição humana e a personalidade é que devem ser sacrificadas. Esse sacrifício é aliás largamente compensado pela conquista – tornada possível – da liberdade absoluta.”

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Neste final de semana participei de um workshop de yoga e Ahimisa, de comunicação não violenta. Escutei que a inteligência está nas entrelinhas. Ou seja, a inteligência está em ouvir o que não foi dito. E o não dito, trata-se da real necessidade por trás da mensagem que foi dita, necessidade esta, sempre  latente em todo e qualquer ser-humano: cuidado, atenção, amor, segurança… ou seja, algo que todo mundo quer ter. Algo que geralmente buscamos no outro.

Hoje, sei que devo procurar a satisfação dessas necessidades em mim. E na leitura do outro satisfazê-lo em sua necessidade, se eu quiser. Seja qual relacionamento for.

No mais, a vida segue, e uma certeza: cada um da o que tem. E eu estou bem preenchida pelo yoga.

Cheguei de viagem e a empresa onde trabalho está em plena crise. E a consequência é corte de pessoal. Já foram 4 cortados. Não faço idéia dos critérios, mas sinto que a próxima serei eu!  E, incrivelmente, como se não fizesse parte do mundo “real”,  não desequilibrei. Continuo no meu caminho, no caminho do bem. E Entrego, Aceito, Confio e agradeço.

OM!

Sopros

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Eu realmente pensei que faria tudo com mais facilidade e que seria então querida…

Mas nada é como a gente espera que seja…

Sua barba esconde cicatrizes. Eu também tenho as minhas. E às vezes elas reabrem para que você possa dar umas risadas.

Eu: o seu brinquedinho.

Não quero ser a sua diversão.

Até porque não estou me divertindo nessa!

Mas você não tem noção e provavelmente também não tem escrúpulos.

E tudo o que eu fiz foi fazer um pedido: “não fale dela para mim”. Apesar de dar inúmeros sinais de não estar afim de ouvir, precisei pedir.

E o que escutei? Que fui uma casualidade, um acidente no percurso, que eu te quis, que você nunca fez nada para dar a entender que me quisesse, que eu não sou diferente aos seus olhos…

Enfim, não assumiu se quer nada positivo… (medo? necessidade de jogar?)

E eu que juntei todas as minhas forças para fazer um único pedido, levantei do restaurante sem autoestima.

Então, passamos uma semana naquele estranhamento, pisando em ovos. Depois, como não sou de guardar mágoa, voltamos naturalmente a nos relacionar como dois amigos que se conheceram há pouco tempo (apesar de já nos conhecermos há uns 3 anos).

E naquele coquetel, bem, eu passei a maior parte do tempo me mantendo longe de você. Mas, acontece que bebi dois uisques e depois disso, já não poderia mais me responsabilizar pelos meus atos se ouvisse novos ataques de autovalorização.

E lá foi você desmoralizar a minha piada na frente dos outros, apenas para inflar o seu orgulho. Não me arrependo de mandar você deixar de ser estúpido. Você é muito sem noção. Acha que pode falar o que quiser o tempo todo, sem ouvir nada de volta.

Não me venha agora querer que eu vá beber com você e  leve para casa suas risadas, brincadeiras, sua superficialidade. Deixo tudo aqui na mesa para que outra recolha. Quanto ao seu carinho, amizade, palavras, conversas, risadas de outros tempos, dessas vou me despedir com saudades.

Faz tempo que não me sinto assim. É uma tristeza tão intensa que quase beira a alegria, se é que me entende.

Uma tristeza pelo que não foi. E uma alegria por ter conseguido me afastar antes de deixar que você me soprasse, me evaporasse aos poucos, feito água quente, pronta para queimar.

Quanto a minha autoestima, tudo bem, daqui a alguns dias tem Paris.

Paris-Texas.

Com o tempo eu recupero.

Altos vôos

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1 “Você junta duas pessoas que nunca foram juntadas antes. Às vezes é como aquela primeira tentativa de atar um balão de hidrogênio a um balão de fogo: você prefere cair e pegar fogo ou pegar fogo e cair? Mas às vezes funciona, e algo novo é criado, e o mundo se transforma. Então, em algum momento, mais cedo ou mais tarde, por um motivo ou outro, uma delas é levada embora. E o que é levado embora é maior do que a soma do que havia. Isto pode não ser matematicamente possível; mas é emocionalmente possível.”

2 “O amor nos provoca um sentimento semelhante de fé e invencibilidade. E às vezes, talvez quase sempre, dá certo. Nós nos esgueiramos entre balas como Sarah Bernhardt afirmava esgueirar-se entre gotas de chuva. Mas existe sempre a espada enfiada subitamente no pescoço. Porque toda história de amor é potencialmente uma história de sofrimento.”

Altos Vôos e Quedas Livres – Julian Barnes

altos voos

Aquele amor transcedental não acabará. Nele não há desistência. Não há busca. Ninguém procura nada porque já achou. Para se entregar é preciso assumir a possibilidade da perda. É preciso deixar fluir. Todo rio corre para o mar. O vento não pode ser contra, quando bagunça seu cabelo. Nem ta frio, nem ta quente, não há jogo. Olho no olho, verdade. Palma da mão em outra mão.

Aquele amor transcedental te faz melhor. Ele te da resistência. Te faz acordar mais vivo toda manhã. Te faz ficar à toa para ver o tempo. Sem medo da passagem do mesmo. Porque você se sente parte integrante do todo. O outro te integra. E você faz um arroz, bota a mesa, assume movimentos que antes nem éram seus.

Aquele amor transcedental te da colo, sem dúvida. Te da paz. Não te subestima na sua fragilidade. Te vê valorado, te ama independente. Não interrompe processo. Não vacila na dor.  Só se desmancha no outro para trocar sentimentos. Assume o desejo, assume necessidades e assume qualquer forma de amor.

Aquele amor transcendente inventa. Quer o outro perto, seja como for. Quer falar do presente. Quer dividir experiências. Quer a alegria do outro exuberante na vida real. Um amor transcendente, pode ser amigo, namorado, amante, até mesmo espírito após a morte. Ele é sobretudo amor.